
Dominguizo é uma freguesia do concelho da Covilhã com 4,95 km² de área e 1018 habitantes (2021).
O Dominguizo é a terra de “Farrapeiros” que, outrora, palmilhavam caminhos em busca de trapo ou roupa velha que, posteriormente, esfarrapavam para construir fio novo.
Farrapeiro – o mesmo que adelo (deriva da palavra Árabe ad-dallal), são negociantes que compram e vendem roupas velhas, papéis, ferro-velho, metais, peles, cera, objectos usados e outros, ou seja, todo o tipo de material que possa ser reciclado e/ou reutilizado.
A reciclagem no Dominguizo, já se fazia em “1940”. Igualmente se fazia aproveitamento de sucatas, metais, e borracha virgem.
A onze quilómetros da sede do concelho, a freguesia do Dominguizo encontra-se nas fraldas da Serra da Estrela, perto da margem direita do rio Zêzere.
Em termos administrativos, o Dominguizo pertenceu até 2 de Novembro de 1926 ao Tortosendo, tendo, a partir daí, constituído freguesia independente, embora também já tivesse sido paróquia nos séculos anteriores.
Em termos patrimoniais, destaca-se a capela de São Sebastião, tendo esta sido a primeira igreja paroquial da freguesia, antes da construção do actual templo matriz, em 1786, em honra do Divino Espírito Santo. O campanário, muito mais recente, é de 1922. No interior, podem ver-se algumas imagens sagradas, sendo as mais valiosas as do Imaculado Coração de Maria, Nossa Senhora da Conceição, Sagrado Coração de Jesus, Senhor dos Passos, Sagrada Família e São Sebastião. A igreja tem dois altares, um dedicado a nossa Senhora da Conceição e outra a Nossa Senhora do Rosário. Sem altar, estão as imagens de Nossa Senhora de Fátima e a de Nossa Senhora do Bom Parto.
Em relação à reciclagem de trapos, é de notar que esta é a sucessora de uma actividade que, no passado, ocupava a grande maioria da população. A figura típica do farrapeiro, com o saco às costas e o habitual “pregão” (“Farrapo, peles, cera!”), entretinha os mais novos. Por volta dos anos 50 era famoso o Senhor Ezequiel, pessoa sempre ligada ao comércio, sendo um dos embaixadores de Dominguizo. A actividade, naturalmente, diversificou-se e actualmente existem ainda alguns Farrapeiros no Dominguizo, mas já mais modernizados e virados para o futuro.
A fisionomia actual da povoação, é-nos descrita por um suplemento do “Jornal do Fundão”, de Julho de 1989, totalmente dedicado a esta freguesia: “A paisagem da localidade, em termos de habitações, é quase inenarrável: uma linha de construções novas, de cores fortes e variadas, risca o aglomerado ao meio. De um lado e do outro salvam-se poucas referências de construções típicas da região (…) Existe apenas um núcleo central, com habitações de traço antigo, alvenaria à mostra, balcões e janelas de madeira, de guilhotina, típicas da região. Mas, ao que nos disseram, os habitantes de Dominguizo têm orgulho no conjunto de habitações e vivendas, de todos os gostos e variedades, que se estende ao longo da estrada municipal.
Teodora Alexandrina de Almeida Pais Castelo Branco foi 1.ª Viscondessa do Dominguizo, um título que lhe foi concedido por D. Luís I de Portugal por Decreto de 2 de Agosto e Carta de 7 de Setembro de 1871 em homenagem à memória do seu falecido marido, José Augusto de Oliveira de Lima Pais Castelo Branco, e ao facto de ser a referida senhora uma beneficiária, protectora dos pobres e das crianças órfãs e abandonadas. O seu magnífico solar, a Casa do Espírito Santo, brasonado e conhecido como o palácio da Viscondessa, é uma das mais importantes construções da freguesia.
Na base desta família estava Silvestre João Pais Castelo Branco, riquíssimo proprietário desta terra, que muitos apelidavam de “Dono do Dominguizo”. Chega a dizer-se que este abastado nobre “ia de casa ao Fundão por terras só dele”. Deixou tudo a uma sobrinha solitária, que as teria de deixar aos seus sobrinhos.
A ponte sobre o rio Zêzere é obra reivindicada pelas populações há mais de cinquenta anos e que se concretizou nos princípios dos anos 90.
* Baseado em informação disponível na Wikipedia